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Ministério da Saúde admite ineficácia de cloroquina e outros medicamentos contra Covid

Ivermectina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente também são contraindicados.

Medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina não têm eficácia no combate à Covid-19 e, portanto, não são recomendados pelo Ministério de Saúde para este fim. Também não está em avaliação incluí-los na lista de indicações ao tratamento da doença. A informação consta em nota técnica enviada pela pasta à CPI da pandemia.

Segundo o documento, alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos nos pacientes hospitalizados, “não devendo ser utilizados”.

Entre os fármacos desaconselhados pela pasta para quem está internado estão a hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. O ministério também reforça que o uso da ivermectina não possui evidência científica.

A nota técnica não faz referência a qualquer  evidência do benefício do uso das substâncias de forma profilática ou nos estágios iniciais da doença, o chamado tratamento precoce. E enfatiza que não está em avaliação incluir cloroquina como medicamento indicado em qualquer fase do tratamento à doença.

“Não há, no âmbito da Conitec, demanda para análise de incorporação da cloroquina ou hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19”, diz a nota.

Conitec é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias, órgão de assessoramento do SUS.

A orientação vai no sentido contrário do que prega o presidente da República, Jair Bolsonaro, desde o início da pandemia.

O presidente é um entusiasta do chamado “kit Covid” e dos remédios utilizados no “tratamento precoce”, embora haja diversos estudos comprovando ineficácia dos medicamentos para esse fim.

Bolsonaro já mostrou caixas dos remédios em suas transmissões pela internet e, constantemente, defende em público o uso dos fármacos.

Durante a gestão de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde chegou a enviar pedidos a órgãos como a Fiocruz solicitando “a ampla divulgação” do uso da cloroquina por ser parte da estratégia da pasta na redução do número de casos da Covid-19.

A CPI pediu esclarecimentos ao Ministério da Saúde após depoimento do ministro Marcelo Queiroga à comissão.

Questionado sobre sua avaliação acerca do uso de cloroquina e do “kit Covid”, ele por diversas vezes fez referência à análise encomendada por ele à Conitec sobre o protocolo a ser adotado.

O documento enviado à CPI confirma que o ministro encomendou a formulação de “diretrizes” para o tratamento da doença, material que foi colocado em consulta pública.

Nele, a Conitec indica as seguintes terapias farmacológicas: anticoagulantes em dose de profilaxia para tromboembolismo, corticoesteroides nos pacientes com uso de oxigênio suplementar, tocilizumabe em casos específicos e em pacientes em “franca deterioração clínica” e antimicrobianos para aqueles que têm suspeita de infecção bacteriana associada – estes últimos não devem ser usados como de rotina, diz o ofício.

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, destaca o documento.

A CPI da pandemia investiga, dentre outras coisas, o possível favorecimento financeiro à empresas produtoras desses remédios e a médicos que propagandearam o uso do “kit Covid”.

Também é investigado se empresas de comunicação contratadas pelo governo e funcionários públicos a serviço de Bolsonaro usaram suas redes sociais para divulgar o tratamento precoce com dinheiro público.

Por Renata Agostini e Rachel Vargas, da CNN

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