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Fenômeno El Niño e a mudança climática, as previsões são temerosas

Na região Norte, além do calor, o El Niño deixa o clima mais seco, aumentando a perspectiva de queimadas na Amazônia

As projeções para esse final de ano e início de 2024 não são muito boas, com relação ao clima. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica norte-americana (NOAA) confirmou a formação do El Niño, fenômeno meteorológico que surge em intervalos de dois a sete anos, marcado pelo aquecimento acima da média no oceano Pacífico, próximo à linha do Equador. Isso se traduz em altas temperaturas, com a possibilidade de eventos extremos em diversas partes do planeta.

A formação do El Niño é detectada entre abril e junho, mas seus efeitos são mais sentidos de outubro a fevereiro, no Brasil, por causa do período do verão. Na região Norte, além do calor, o El Niño deixa o clima mais seco, aumentando a perspectiva de queimadas na Amazônia, onde já há uma grande preocupação nesse sentido. A região deve estar mais seca e sujeita às queimadas de setembro a novembro. No sul do país, o fenômeno tende a causar chuvas intensas e temporais, provocando deslizamentos e alagações. O fenômeno El Niño costuma durar de nove a 12 meses.

As projeções indicam que a temperatura global deverá ficar em torno de 60%, patamar que aponta para grandes danos. E ainda há 25% de chance de que as coisas piorem ainda mais, caso se configure a formação de um Super El Niño, versão ainda mais potente, capaz de elevar a temperatura média do planeta em até 2,5°C ainda neste ano.

Foto: Divulgação

Nos últimos 130 anos só foram registrados três fenômenos do tipo: em 1982, 1998 e 2015. Em 2015, provocou uma seca de grandes proporções, com o aumento das queimadas nas florestas brasileiras.

Os efeitos do El Niño, ou da sua versão super, são uma preocupação adicional e com forte poder de combustão, num ambiente já castigado pelas mudanças climáticas, causadoras do degelo nos polos, calor extremo e inundações.

São resultado do aquecimento global os incêndios florestais, como o que aconteceu no Canadá, recentemente, deixando Nova York e outras cidades americanas cobertas por uma nuvem alaranjada, que afetou o tráfego aéreo. Assim como, também, as altas temperaturas enfrentadas na Europa e as inundações na Ásia.

O aquecimento global, inclusive, é mola propulsora do recrudescimento do El Niño, induzindo a ocorrências naturais com maior intensidade. Os pesquisadores consideram que os problemas já estavam postos e com a sua chegada serão “turbinados”.

Não há como frear o El Niño. Os apelos têm sido pela adoção de medidas para mitigar o aquecimento global, que potencializa os seus efeitos. O termômetro tem indicado, insistentemente, para o agravamento da crise, no planeta. Um desses faróis de alerta é o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), braço da Organização das Nações Unidas (ONU). O IPCC está reforçando, mais uma vez, a informação de que os eventos naturais tendem a piorar, num apelo para que medidas de combate igualmente extremas comecem a ser tomadas por todos.

Essa é uma luta que pode parecer inglória, mas é necessária e, sim, pode ter um efeito transformador altamente eficaz no combate ao aquecimento global, desde que consiga unir, em torno desse propósito, governos (em especial dos países mais ricos, onde há alta concentração de capital e muita resistência às medidas mitigadoras), corporações de todos os tamanhos e segmentos e o cidadão.

Por: Marcellus Campêlo

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